terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Inclusão de alunos com NEE


“ As Escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiência ou sobredotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais"
Declaração de Salamanca: UNESCO, 1994
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“A inclusão de crianças com necessidades especiais na escola local é uma componente essencial para garantir uma vida de desenvolvimento e realização na família e na comunidade.”
Pereira, 1998
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Escola inclusiva é um sistema de educação e ensino onde os alunos com necessidades especiais, incluindo os alunos com deficiências, são educados na escola do bairro, em ambientes de salas de aula regulares, apropriados para a idade (cronológica), com colegas que não têm deficiências e onde lhe são oferecidos ensino e apoio de acordo com as suas necessidades individuais”.
(Porter, 1998)

Para que a escola inclusiva se torne uma realidade cabe ao estado implementar algumas medidas políticas e legislativas que promovam e apoiem esse objectivo.
Torna-se necessário dar prioridade no sentido de promover essa mesma inclusão, contrariando o que tem vindo a acontecer , como exemplo disso na EB1 de Bicos.
Um dos recursos importantes são os próprios professores das turmas que deverão deixar de trabalhar isoladamente e passar a trabalhar em conjunto, com uma Unidade Multideficiência onde haja entreajuda e reflexão, professores de apoio , professores com formação em Ensino Especial, Psicólogos, Terapeutas…

Segundo o Despacho n.º 13 765/2004 (2.ª série), de 13 de Julho,
"5.2.1 - As turmas do 1.º ciclo do ensino básico, nas escolas de lugar único que incluam alunos de mais de dois anos de escolaridade, são constituídas por 18 alunos. "

"5.4 - As turmas com alunos com necessidades educativas especiais de carácter prolongado de qualquer nível de ensino, são constituídas por 20 alunos, não podendo incluir mais de 2 alunos nestas condições."

"5.11 - A constituição, a título excepcional, de turmas com número inferior ou superior ao estabelecido nos números anteriores carece de autorização da respectiva direcção regional de educação, mediante análise de proposta fundamentada do órgão de direcção executiva do estabelecimento de ensino, ouvido o conselho pedagógico."

Sou professora de QA nesta escola, pelo segundo ano consecutivo, e após fundamentação à Direcção Regional de Educação do Alentejo, continuo a solicitar que seja tomada em atenção a especificidade deste grupo, não só pelo número de efectivos que a turma comporta como também os casos complexos e delicados das crianças com Necessidades Educativas Especiais de Carácter Permanente. A turma abrange a frequência de 4 anos de escolaridade, constituída por 17 alunos, com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos e engloba 3 crianças de Necessidades Especiais de Carácter Permanente. Assim, continuo a propor, o desdobramento da turma, professor de apoio, professor de Ensino Especial a tempo inteiro para que seja possível o acompanhamento indispensável ao bom funcionamento do grupo bem como ao sucesso educativo desejado, que até à data nos tem sido negado.

Sou professora há 14 anos por gosto, foi a profissão que escolhi e que me orgulho de ter e que tenho desenvolvido com responsabilidade e profissionalismo, apesar de nos dias de hoje ser uma classe desvalorizada e maltratada.
Vai sendo cada vez mais difícil encontrar motivos para avançar, mesmo para quem gosta muito da profissão, como é o meu caso. Todos os dias ensinando mas também aprendendo muito…
Com estas condições de trabalho que me deparo, muitas vezes esqueço-me um pouco de mim, dos meus, numa entrega total aos meus alunos, aos casos complexos e delicados das crianças com Necessidades Educativas Especiais de Carácter Permanente na minha turma, as muitas reuniões, a burocracia… Os 130 Km diários que realizo, para poder estar com a minha família e tentar dar-lhe a atenção que merecem… por vezes não tenho forças para estar à altura de desenvolver o meu trabalho e merecer o respeito e consideração da sociedade.

O nosso ensino deve ser encarado com mais respeito porque os nossos filhos merecem ter um futuro afortunado. Haver uma melhor educação, uma maior integração nesta sociedade e uma inclusão correcta onde ainda não existe…

Liliana Estêvão Godinho

3 comentários:

  1. Compreendo-a perfeitamente, é um desabafo muito sentido. Todas as mães deviam de o ler e tentar fazer alguma coisa para mudar a nossa situação!!!!Estamos lutando para que isto tudo mude, não baixaremos os braços e esperemos ter o apoio de todos encarregados de Educação. Espero que ninguém fique indiferente ao que se passa na nossa escola.Tanta Lei para quê? Não passam do papel...
    Bjnhs.
    Claudia e Susana.

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  2. Penso que será importante nunca baixar os braços.... e pelos nossos filhos, nunca.
    Eu também nunca ficarei indiferente aos assuntos da nossa escola.Sabem que poderão contar sempre comigo.
    Prof. Liliana

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  3. Obrigada,Prof.Liliana pelo apoio, nós pais nunca baixaremos os braços... e iremos lutar sempre pelos direitos dos nossos filhos.
    Apesar de isso ás vezes parecer impossível.
    Beijos.

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